HISTÓRIA DO BARANGANDÃO

(Brincando com o Barangandão)

Há muito tempo… Na época das avós de nossas avós, as mulheres reuniam-se na boca do rio. Elas sentavam-se em roda para contar estórias. As mais velhas contavam para as mais novas, as mais novas contavam para as mais velhas, e assim iam… até que o tempo se esvaísse numa imensidão de palavras coloridas. Mas, na roda, sempre havia aquela moça envergonhada, que não queria compartilhar suas estórias. Então, as mais experientes resolveram imaginar uma dinâmica de corpo e, para isso, inventaram um brinquedo que denominaram de BARANGANDÃO.

BARANGANDÃO, o brinquedo inventado, era usado para esquentar o corpo, para relaxar… Elas rodavam, rodavam, ondulavam as cinturas e libertavam suas palavras de calor. Surgiam estórias da vida, estórias do sonho, estórias do medo, palavras inventadas.

BARANGANDÃO tornou-se um instrumento crucial para realização do ritual de iniciação das mulheres, que antes, moças entorpecidas de palavras engravidadas de suas estórias, soltavam o corpo aquecido pela vontade, desejo, necessidade de fazer-se ouvir e compartilhar.

(Adaptação da lenda do brinquedo folclórico)

Sobre Madame Tormenta Furtacor

A contadora envolve o público com expressão corporal e impostação de voz, proporcionando o momento em que o ouvinte-leitor-criador é capaz de visualizar a história a sua frente, verdadeiro frenesi corpo-som. A imagem é refletida pela fantasia de quem saboreia a história. Da narrativa, o ouvinte passa ao volume da cena. O ato de narrar histórias é um processo criativo, a construção de um conhecimento que se tece no mundo sensível, na experimentação, nos agenciamentos dos corpos e nos devires. A artista utiliza a performance narrativa como exemplo de dispositivo transformador na realidade de um corpo, capaz de desnaturalizar o instituído, apostando na abertura para outros movimentos possíveis ainda não explorados. Atua em dois projetos O Imaginário de Madame Tormenta Furtacor e A Volta ao Dia em 80 Mundos.
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